Meu futuro passado....




Era o primeiro dia de aula novamente. A mesma turma, com a minoria de pessoas novas. –Talvez até melhor assim, pois daí nada mudaria. Ultimo ano em que veria aquelas mesmas pessoas com tanta frequência.
Eu uma menina de 17 anos, pronta pra descobrir novas coisas e novos meios de viver, ainda estava ali. Pelo terceiro ano consecutivo olhando fixamente para ele. Um menino nem tão falador, mas muito menos calado demais. Tinha um sorriso encantador e um jeito meu desprezível de ser carinhoso. Posso dizer que não gostava dele por ele ser tão “nerd” como eu, mas ele tinha lá suas inteligências.
Era uma boa aula de português. Uma recitação de poesia, Mario Quintana “O tempo”.  – Ahh como eu amei. Suspirei tão fundo e resolvi pela décima segunda ou décima terceira vezes, sei lá, escrever mais uma vez. Meu único jeito de deixar por escrito tudo que vivi ou vivo.
Eu sentava no oeste e ele em leste. Poucas vezes, mas com uma intensidade tocante, nossos olhares se cruzavam e ficavam por apenas sete segundos sem conseguir achar um desvio. Mas achávamos.
Eu escrevendo meus versos, ouvia o som da voz um pouco irritante, mas com palavras agradáveis do Professor Vicente que recitava:
“_ Quando se vê, já terminou o ano... Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.”
Quão sábias palavras de Mario Quintana.
De repente, me vi ali. Com 24 anos, formada em fotografia e Market,  meu sonho desde que me entendo por gente. O tempo passou. Com o passaporte cheios de carimbos, me vi retornando ao Brasil, pois fui solicitada por uma empresa de Engenharia.
A proposta era essa, “ fazer a campanha da nova empresa, com minhas fotos e ideias e no prazo de 5 dias apresenta-los aos sócios majoritários. Pra mim 5 dias era tempo demais. Meus anos de experiência  e amor pelo que fazia me dava cede pelo bom desempenho. Pronto chegou o dia.
Uma manha de sexta feira. Relaxo para muitos, mas pra mim era um dia especial, pois era meu primeiro trabalho no Brasil depois de tantos anos rodando o mundo. E também pelo fato de sentir uma coisa estranha no peito.
Era “Bom dia” pra cá e pra lá. Julia a secretaria de Duarte, o homem que me indicou, me ofereceu um café. Aceitei, pois precisava sair do tumulto e dar um telefonema a minha amiga Éshiley pra contar o que estava fazendo. -Pois como deu para perceber éramos muito unidas. Mesmo fora do Brasil nos jamais paramos de nos falar.
“_ Olá. Gostaria de falar com a Dona Éshiley! É Camila.”
“_ Só um momento Dona Camila. Chamarei Dona Éshiley.”.  “Disse a secretaria de Éshiley, Marlene.”.
Em fim falando comigo Éshiley disse:
“_ Oi boneca. Ai que saudade. Como você está?”
“_Oi pequena grande”.  Disse Camila rindo. “_ Eu estou bem! Olha liguei só pra dizer que estou fazendo meu primeiro trabalho no Brasil. Não posso falar muito porque a reunião vai começar. Passo ai ao meio dia pra gente almoçar juntas. Beijos!”. Toda contente pela amiga Éshiley diz:
“_ Boa sorte boneca, até. Se cuida!”
Respirando fundo e enchendo o peito de coragem, Camila vai até a sala de reunião onde a estavam esperando. Batendo na porta, Camila pediu licença e entro. Sendo recebida por Duarte, ele mesmo a apresenta com cortesias e elogios.
“_ Ora, ora. Em fim a bela Camila ao Brasil. Pois bem queridos sócios está é Camila. A fotografa e criadora do Market de nossa empresa.”
“_Bom dia a todos.”. Disse Camila com tom delicado.
“_Permita-me lhe apresentar o sócios majoritários da empresa Camila”. Disse Duarte a trazendo ao centro da grande mesa.
“_Esse é o engenheiro Serafim, essa é a corretora Vanda, esse é nosso administrador Mauro.” E assim Duarte apresentou todos que se encontravam na sala. E disse:
“_ Acho que podemos começar?”
Vanda o interrompe e diz:
“_Duarte. Hoje ele vem, devemos o esperar. Ele disse que se atrasaria, pois o transito do aeroporto pra cá estava terrível.” Curiosa pra saber quem era o “ele” que se referia Vanda, Camila pergunta:
“_Ele? Ele quem Duarte?”.  Sorrindo meio que surpreso por Camila não saber de quem se referia, ele a responde:
“_O chefe!”
Vendo que o próprio chefe havia viajado só para aquela reunião, Camila se alegrou, pois viu que realmente seria importante. Assim que Duarte se sentou deixando Camila de pés sozinha, a porta se abre e todos levantam. Era o Chefe.
Camila estava pegando sua pasta no momento em que Duarte exclamou dizendo:
“_ Bom dia Dr. Roger !”
“_Dia ótimo Duarte...Dia ótimo!” Disse Dr. Roger com um ar irônico. Pois tinha passado muito tempo prezo no transito e estava um pouco cansado da viajem.
Pois bem. Aquela voz, aquela ironia, aquele nome. Até mesmo aquele cheiro para Camila era familiar. Largando a pasta na mesa de apresentação, Camila se vira. Paralisada e completamente sem ação, ela o reconhece. Dr. Roger era ele, o menino Roger. Aquele que meus olhos sempre viam, aquele que me roubou o coração por muitos anos.
Era complicado, mas eu precisava ser profissional. E fui. Andando em sua direção, estendi a mão e disse:
“_Espero que seu dia melhore Dr. Roger. Prazer Camila!”
Complemente surpreso e encantado pela mudando e beleza de Camila, Dr. Roger custa dizer algo, mas sem soltar de sua mão ele diz olhando para Camila fixamente:
“_ Oi!”
Vendo que aquilo talvez iria longe ela disse:
“_ Agora já podemos começar a reunião.” . E assim ela começou a apresentar seus projetos. Todos na sala concordaram com tudo que ela havia produzido, até mesmo o exigente Dr. Roger.
Ao término da reunião Camila foi cumprimentada e parabenizada por todos. Na sala só ficaram Camila e Roger. Ele ficou, com a desculpa de ajuda-la a desmontar os aparelhos que ela usou. Aproveitando o momento a sós Roger disse:
“_Quanto coincidência você voltar para o Brasil justo por causa de minha empresa.”. Fingindo não ligar Camila diz:
“_ É isso ai. Sua empresa me fez voltar. Sua empresa!”
Meio desconcertado ele insiste na conversa:
“Por que não voltou antes?”
“_ Motivos pra eu ter voltado antes não me faltam, mas da mesma forma não me faltavam motivos pra ficar de lá.”. Disse Camila controlando muito bem suas emoções. Mesmo que na verdade ele quisesse abraça-lo e não largar por um bom tempo.
“_Não está feliz em voltar?”. Disse Roger chegando perto de Camila.
Olhando fundo nos olhos de Roger, Camila diz:
“_Estou. Mas talvez não como gostaria!”. Desviando complementa dele, ela disse: “_Acho que já acabamos. Já vou, até!”
Saindo depressa sem ao menos o deixar dizer “Tchau”, Roger fica naquela sala sozinho. E em seu pensamento dizia: ”_Idiota... Ela tá linda! E você não vai fazer nada? Parabéns palhaço.”. Não concordando com seu próprio pensamento, ele sai daquela sala correndo e ainda consegui pegar Camila na portaria.
A puxando pelo braço direito ele diz:
“_ Camila, espera. Não vai assim! Precisamos conversar.”. Com um ar firme Camila questiona:
“_ O que quer conversar? Sobre negócios? Pois com você só tenho isso. Mas se é sobre isso acho que já deixei resolvido na reunião. Agora me da licença me tenho um almoço marcado!”
Espantado com a noticia ele pergunta:
“_ Com quem? E almoço é sempre depois de meio dia, ainda são dez. Tempo de sobre.”
“_ Realmente não lhe interessa com quem, mas como ao contrario de outros sou educado, respondo. Vou almoçar com Éshiley.”. Dando uma trégua ela aceita conversar e diz: “_ Creio que aqui não é o melhor lugar. Vamos à lanchonete Aldo e a gente conversa.”.
Querendo ser gentil Roger diz:
“_ Já venho com meu carro.”. Camila ri e diz:
“_ Não. No meu! Deixe o seu ai, quando eu for almoçar, te trago de volta e você vai com o seu. É assim, ou nada feita.”. Sorrindo e sem opção Roger aceita, pois realmente precisava falar com ela.
Saímos juntos no meu carro e é claro, eu ao volante. Mas mal sabíamos que estávamos sendo vigiados. Julia a secretaria de Duarte estava ouvindo tudo atrás do carro de Roger.
Enquanto isso na lanchonete Roger e eu conversávamos sobre muitas coisas, até que o passado nos trouxe a tona.
“_ Tudo era tão diferente. Não achei que eu teria esse sonho realizado e muito menos que você me ajudaria a publica-lo.”. Tentando descontrair Camila diz rindo:
“_ É. Estou sendo paga pra isso!”.
Com um sorrido de mostrar os dentes Roger diz:
“_ Ainda consegui saber como me tirar risos.”.  Camila se lembrando de um passado não muito produtivo diz:
“_ Acho que ainda sei ser aquela menina palhacinha. Apesar de não estar em um circo, um palhaço brincava com meu coração enquanto eu o fazia rir.”. Roger mudou de assunto na hora, pois sabia que o palhaço era ele.
A conversa até que foi agradável, mas Camila tinha que ir. Pedindo a conta de apenas sucos e frutas para não atrapalhar no almoço eles se levantam para ir. Ela o deixa no estacionamento de sua empresa onde estava o carro. Lembrando-se que tinha esquecido suas coisas em sua sala, Roger pede a Camila que pegue seu carro e o deixe lá fora para adiantar sua saída.
Assim que Camila sai do carro de Roger, ele chega. Segurando a porta de seu carro Roger chega muito perto do corpo de Camila. Tão perto que dava pra sentir a respiração um do outro.
Eu estava perdida, não conseguia afasta-lo de mim e muito menos queria isso. Ele me beijou e eu o beijei, o beijo que esperava há tantos anos. Ao fim daquele beijo ele colocou a mão no meu rosto e com os olhos ainda fechados sorriu e me disse:
“_ Nossa. E eu neguei isso por tantos anos!”.  Completamente feliz eu respondi sem perder a graça:
“_ É. Agora sabe o que perdeu néh!”
“_ É sei...”. Disse ele concordando realmente.
“_ Nossa, eu tenho que ir. A Éshiley deve estar me esperando!”.  Disse Camila já saindo.
Empolgado e com curiosidade para saber onde tudo aquilo ia parar, Roger a segurando pela mão diz:
“_ Calma. Não acaba aqui néh?  Não vai fugir?”. Sorrindo e feliz em saber que Roger estava empolgado Camila diz:
“_Quem foge aqui não sou eu. Não se preocupe, amanhã estou de volta!”
Camila entra em seu carro e vai a caminho da empresa de Éshiley para leva-la ao restaurante. Chegando lá, a amiga já a esperava na portaria. Já dentro do carro Éshiley nota o brilho que havia nos olhos de Camila e pergunta:
“_Olha só. Tem coisa nova ai? Me conte tudo!”
Camila conta cada detalhe de seu dia para Éshiley, desde a reunião até o ultimo momento em que se faziam roubar dela aqueles sorrisos repentinos.
No dia seguinte completamente animada para ver e falar com Roger, Camila chega cedo à empresa. Quase todos os empregados ainda nem haviam chegado, mas o querido Dr. Roger sim. Estava ele lá, em sua sala e falando ao telefone com José seu melhor amigo. Não querendo atrapalhar ela esperou, mas não resistiu à linda conversa e ficou ali ouvindo.
“_ AHH José, ela é maravilhosa. Sinceramente não sei como deixei a sair daqui por tanto tempo. Se é amor? Já não sei, mas se for que seja. Não me sentia assim há muito tempo.”
De repente uma voz por de trás dela a assusta dizendo:
“_ Oi.”. Era Duarte. –Naquele momento meu coração pulou acelerado. Ele sai rindo muito pelo corredor, não sei se somente por me dar um susto ou por ter acordado feliz. Já aproveitei e entrei na sala de Roger. Ele estava com a cadeira virada olhando para a vista linda do outro lado, quando eu passei em sua frente. De imediato ele levantou da cadeira e me beijou. Rapidamente interrompido por Julia que ao menos batera na porta e dizia:
“_Aceita um café Dr. Roger?”.
Pedindo desculpas e mais desculpa ela saiu. Olhamos um para o outro e rimos como se disséssemos: “_Agora todo mundo vai ficar sabendo rapidinho!”.
Sai e fui para a sala de criação para publicar meu projeto. Quando voltei à sala de Roger ele estava com a cadeira virada novamente. Dessa vez pedi licença. Um, duas, três vezes e nada. Estranhei seu silêncio e resolvi ir entrando logo. Quando vi estava ele ali, todo paralisado  e sujo de café. Minha fixa não caiu. Mas ele estava... Morto!
“_ Não... Não mesmo, não possível. Não... Ai meu Deus, não faz isso comigo! Roger, Roger pelo amor de Deus fala comigo. Morto não...”. Dizia Camila sem conseguir gritar, tremendo e não conseguindo nem tocar em Roger.
Roger tinha sido envenenado e se quer passava pela cabeça de Camila alguém, até que ela pensou em alguém... Naquele momento ela teve uma ação, virou-se para sair dali. Mas antes que ela pode-se sair à porta se bate. Não sozinha, mas Duarte fechou-os lá dentro. E dizia se aproximando maliciosamente de Camila:
“_ É assim, te trouxe pro Brasil e você resolve olhar pra pessoas errada? Não queria assim linda, não queria. Mas teve que ser assim. Vi que ele não desistiria de você. O idiota não quis no passado e quis agora? Não, não pode.”.
“_Duarte,  como sabe disso tudo? Porque fez tudo isso?”. Disse Camila com muito medo. Medo, pois Duarte estava com uma arma na mão esquerda.
“_ Calma linda... Tenho empregados inocentes, mas fofoqueiros. Com você não vou fazer nada, só se quiser é claro!”
Rodando a mesa da sala de Roger, Camila tenta abrir a porta e começa a gritar por socorro. Quando ela sente uma dor muito forte na cabeça que a faz perder as forças e cair no chão. Duarte à deu uma coronhada.
De repente...
“_ AHH Éshiley para de me bater! Deixa-me terminar aqui.”
“_ Não... Você vai perde o intervalo todo escrevendo. Roger não para de te olhar e acabou de te chamar, vamos lá.”
Olhando para os papeis que estava em minhas mãos pensei. – Sinceramente acho que minha historia não acabe assim! Levante-me e amacei todos aqueles papeis que escrevi jogando-os no lixo.
Em direção a Roger, olhei para ele e na frente de todos o beijei. Não pense que não fui correspondida, por que fui. Quando paramos, sai, mas ele me puxou pela mão e disse:
“Ei... Vai ficar assim? Não néh?”.  Lembrando de minha história não disse nada, apenas voltei e o beijei mais uma vez. Se dali a história mudaria já não sei, mas só sei que meu passado já não seria o mesmo!

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